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Explosão em fábrica do PR: polícia descarta crime, mas aponta problemas na gestão de segurança

Polícia concluí inquérito da explosão em fábrica que matou 9 pessoas O inquérito que investigou as causas da explosão na empresa Enaex Brasil, em Quatro ...

Explosão em fábrica do PR: polícia descarta crime, mas aponta problemas na gestão de segurança
Explosão em fábrica do PR: polícia descarta crime, mas aponta problemas na gestão de segurança (Foto: Reprodução)

Polícia concluí inquérito da explosão em fábrica que matou 9 pessoas O inquérito que investigou as causas da explosão na empresa Enaex Brasil, em Quatro Barras, na Região Metropolitana de Curitiba, foi concluído pela Polícia Civil (PC-PR) nesta quinta-feira (9). O acidente aconteceu no dia 12 de agosto, deixou nove mortos e sete feridos. Relembre abaixo. Segundo a polícia, não foram identificados indícios de crime doloso (com intenção) nem culposo (por negligência, imprudência ou imperícia). A investigação, porém, apontou falhas sistêmicas na gestão de riscos da empresa, que podem ter contribuído para o acidente. "A gente conseguiu apontar algumas falhas na estrutura, no processo e em algumas violações de procedimento de segurança. Mas a gente não conseguiu apontar uma pessoa que tenha sido a causadora dessa explosão", explicou a delegada Gessica Andrade, responsável pelo inquérito. ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 PR no WhatsApp Em nota, a Enaex Brasil lamentou novamente o acidente e agradeceu às equipes envolvidas no resgate, identificação das vítimas e apoio às famílias. A empresa informou que a investigação sobre o caso foi encerrada e que o resultado aponta apenas hipóteses, sem identificar uma causa determinante. A companhia afirmou ainda que mantém padrões rigorosos de segurança e segue em contato com as famílias das vítimas, com reuniões para negociação de indenizações e apoio às comunidades vizinhas que tiveram danos materiais. Veja abaixo na íntegra. A delegada informou também que a investigação envolveu a coleta de depoimentos, a análise de imagens de monitoramento, a avaliação do relatório técnico da empresa e do laudo pericial oficial que apurou as causas da explosão. Também foram examinadas mensagens de conversas corporativas e e-mails institucionais dos funcionários. A apuração também considerou denúncias feitas por funcionários em uma plataforma interna da empresa, além de relatórios de acidentes e incidentes anteriores. Relembre: Como o frio pode causar uma explosão mortal, como a que aconteceu em fábrica Os documentos mostraram que a unidade 44, onde aconteceu a explosão, operava com equipamentos antigos e corroídos, e que havia dificuldade recorrente no controle térmico da mistura explosiva. Imagens internas da empresa Enaex Reprodução Depoimentos de trabalhadores ainda indicaram o uso de soluções paliativas e improvisadas. “Relatos de trabalhadores e documentos internos revelam um processo de trabalho que beira o rudimentar, altamente dependente da ação humana e de ajustes improvisados quando comparado até mesmo a outras áreas da própria empresa”, afirma a delegada. Com base nas provas reunidas, o inquérito concluiu que não houve conduta dolosa ou culposa por parte dos funcionários da Enaex Brasil em relação às mortes. Como a lei penal não permite responsabilizar criminalmente pessoas jurídicas por homicídio, a empresa não poderá responder nessa esfera. No entanto, a polícia destacou que pode haver responsabilização nas áreas trabalhista, cível e administrativa. O Ministério Público do Paraná informou que "analisará as provas colhidas e poderá requisitar diligências complementares, promover o arquivamento do inquérito ou oferecer denúncia criminal aos responsáveis, caso comprovadas autoria e materialidade delitivas". "Nos termos da lei, o prazo para manifestação ministerial é de 15 dias, uma vez que os investigados encontram-se em liberdade e a complexidade dos fatos demanda análise minuciosa dos elementos de informação. O MPPR reafirma seu compromisso com a transparência, a proteção da coletividade e a atuação técnica e rigorosa para a apuração de responsabilidades, sempre em conformidade com a legislação vigente, de maneira que os pronunciamentos serão realizados nos prazos legais nos procedimentos judiciais ou administrativos", diz o órgão. Leia também: Investigação: Prefeito de Fazenda Rio Grande é preso em operação que mira fraudes na saúde Foz do Iguaçu: Vizinhos ouvem gritos de socorro e polícia descobre R$ 1,2 milhão espalhado em casa vazia Entenda: Porsche incendiado custa cerca de R$ 700 mil e tinha dívidas de IPVA Laudo pericial De acordo com o laudo elaborado pela Polícia Científica (PCI-PR), o epicentro da explosão foi no interior do Edifício 44, conhecido como “Carregamento de Cargas Especiais”, onde era produzido o booster — um impulsionador com maior intensidade formado pela mistura de pentolite, substância composta de nitropenta e trinitrotolueno (TNT). As análises periciais indicam que o acidente provavelmente foi causado pelo atrito entre as pás do misturador e o pentolite parcialmente solidificado devido às baixas temperaturas registradas naquela manhã. O frio intenso, somado à falha na estabilização térmica e a um ajuste de torque excessivo do equipamento, teria permitido o contato mecânico entre o material e as pás, gerando energia suficiente para iniciar a detonação. Imagens internas da empresa Enaex Corpo de Bombeiros Mais sobre o caso: Quem são as vítimas Imagens mostram estragos em fábrica de explosivos Moradores de oito cidades sentiram explosão em fábrica Impacto da explosão causou interdição de empresas Delegada diz que vítimas se reuniram para fazer oração pouco antes de explosão Explosão e vítimas Vítimas de explosão em fábrica de explosivos no Paraná. Redes Sociais A explosão aconteceu por volta das 5h50 da manhã do dia 12 de agosto, em uma área de 25 metros quadrados que armazena material explosivo produzido pela fábrica. No momento do acidente, os materiais estavam sendo preparados para transporte, segundo a investigação. Como a empresa funciona 24 horas por dia, as vítimas estavam trabalhando no momento do acidente. De acordo com a empresa, nove pessoas morreram e sete ficaram feridas. As vítimas que morreram na explosão eram todas funcionárias da empresa. São elas: Camila de Almeida Pinheiro; Cleberson Arruda Correa; Eduardo Silveira de Paula; Francieli Gonçalves de Oliveira; Jessica Aparecida Alves Pires; Marcio Nascimento de Andrade; Pablo Correa dos Santos; Roberto dos Santos Kuhnen e Simeão Pires Machado. O que diz a Enaex Brasil "A Enaex Brasil reitera seu profundo pesar pelo acidente ocorrido em 12 de agosto na planta de Booster, no complexo industrial de Quatro Barras, no Paraná. Expressamos nosso agradecimento a todos que participaram dos trabalhos de resgate e identificação das vítimas, nas ações de apoio às famílias, colaboradores e comunidades vizinhas, assim como nas investigações relacionadas ao caso. A companhia reconhece os esforços de todos os envolvidos para esclarecer os fatores relativos ao acidente, no âmbito do processo de investigação conduzido pela Delegacia da Polícia Civil, trabalho complexo e minucioso, no qual houve estrita cooperação de diversas autoridades, famílias, colaboradores e equipe técnica da companhia. A investigação está encerrada e o resultado indica apenas algumas hipóteses e não a causa raiz determinante, o trabalho de investigação deixa como legado o reforço das bases já existentes para a estrita observância dos padrões de segurança da companhia. A Enaex Brasil conta com um sistema de gestão de segurança de classe mundial, em constante evolução e estreitamente alinhado com o propósito de humanizar a mineração e com o valor primordial da companhia: a vida. Nesse sentido, a organização dispõe de amplos procedimentos operacionais e administrativos, treinamentos, auditorias e tecnologias na área industrial que respaldam os altos padrões de segurança, qualidade e ética da organização. A respeito das famílias, a empresa se mantém em estreito contato, assim como com seus advogados designados e a Defensoria Pública do Estado do Paraná. Por iniciativa própria, vêm sendo realizadas reuniões para negociações de indenizações de maneira consensuada e ágil, resguardando sempre a confidencialidade das informações e a privacidade de todos os envolvidos. Ainda, foram estabelecidos canais de comunicação com os colaboradores, terceiros e comunidades no entorno do Site Quatro Barras, para garantir respostas rápidas às necessidades de apoio e reparações de danos materiais em edificações vizinhas da companhia que sofreram algum tipo de avaria. A Enaex reafirma que a vida e a segurança são prioridade e mantém disponível o canal oficial contato.enaexbrasil@enaex.com para responder de maneira imediata a qualquer solicitação. Atenciosamente, Enaex Brasil". Vídeos mais assistidos do g1 Paraná: Leia mais notícias em g1 Campos Gerais e Sul. Leia mais notícias da região em g1 Paraná.

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